Um formoso pavão excitava com a beleza das suas penas a curiosa
atenção de alguns homens que o estavam admirando, e que lhe não poupavam elogios.
Súbito ouviram estes o cantar de um rouxinol, e logo tudo esquecendo,
procuram chegar‐se para o lugar de onde partiam tão suaves melodias. Abandonado, o pavão
encheu se de raiva, e queixoso foi ter com Juno. Porque há de um passarinho, feio e
sem graça, cantar melhor do que eu; porque me não deste a voz do rouxinol?
perguntou.
Não sejas ingrato, respondeu-lhe Juno; cada animal tem suas prendas,
nenhum tem tudo; à águia coube a força, ao rouxinol a voz, a ti essa plumagem recamada de
estrelas e de esmeraldas; não és dos mais mal aquinhoados.
‐ Sim; mas quisera cantar
como o rouxinol, tornou o pavão.
MORALIDADE. ‐ Poucos se contentam com o que têm, todos invejam o
alheio, e assim se fazem desgraçados.
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