22/08/2012

O pavão e Juno


Um formoso pavão excitava com a beleza das suas penas a curiosa atenção de alguns homens que o estavam admirando, e que lhe não poupavam elogios. Súbito ouviram estes o cantar de um rouxinol, e logo tudo esquecendo, procuram chegar‐se para o lugar de onde partiam tão suaves melodias. Abandonado, o pavão encheu se de raiva, e queixoso foi ter com Juno. Porque há de um passarinho, feio e sem graça, cantar melhor do que eu; porque me não deste a voz do rouxinol? perguntou. 

Não sejas ingrato, respondeu-lhe Juno; cada animal tem suas prendas, nenhum tem tudo; à águia coube a força, ao rouxinol a voz, a ti essa plumagem recamada de estrelas e de esmeraldas; não és dos mais mal aquinhoados. 

‐ Sim; mas quisera cantar como o rouxinol, tornou o pavão.

MORALIDADE. ‐ Poucos se contentam com o que têm, todos invejam o alheio, e assim se fazem desgraçados.

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