22/08/2010

Presentes do Coração

Neste mundo agitado em que vivemos é tão mais fácil pagar alguma coisa com cartão de crédito do que dar um presente vindo do coração.

E presentes do coração são especialmente necessários na época de Natal.

Há alguns anos, comecei a preparar meus filhos para o fato de que o Natal daquele ano seria modesto. A resposta deles foi: "Tá, mãe, já ouvimos isso antes!" Eu havia perdido a credibilidade porque dissera a mesma coisa a eles no ano anterior, quando estava passando pelo divórcio. Mas daquela vez eu saíra e usara o limite de todos os cartões de crédito. Havia encontrado até mesmo algumas formas de financiamento criativas para pagar os presentes de Natal. Este ano, com certeza, seria diferente, mas eles não estavam acreditando.

Uma semana antes do Natal, perguntei a mim mesma: "O que eu tenho que pode tornar este Natal especial?" Em todas as casas em que havíamos morado antes do divórcio eu tinha arrumado tempo para ser decoradora. Tinha aprendido a colocar papel de parede, azulejos e placas de madeira, fazer cortinas a partir de lençóis e muito mais. Mas nesta casa alugada eu tinha pouco tempo para decorar e muito menos dinheiro. Além do mais, estava zangada com esse lugar feio, com seus carpetes vermelhos e abóbora e paredes verdes e azul-turquesa. Recusava-me a gastar dinheiro com ele. Dentro de mim a voz do orgulho ferido gritava: "Nós não vamos ficar aqui tanto tempo assim!"

Ninguém mais parecia se incomodar com a casa a não ser minha filha Lisa, que sempre havia tentado transformar seu quarto em seu lugar especial.

Era hora de mostrar meus talentos. Liguei para meu ex-marido e pedi que comprasse uma colcha específica para a cama de Lisa. Em seguida, comprei os lençóis combinando. Na véspera de Natal, gastei quinze dólares com um galão de tinta. Também comprei papel de carta, o mais bonito que jamais tinha visto. Meu objetivo era simples: iria pintar e costurar e me manter ocupada até a manhã de Natal, para não ter tempo de sentir pena de mim mesma em um feriado familiar tão especial.

Naquela noite, dei a cada uma das crianças três folhas de papel de carta com envelopes. No alto de cada página estavam as palavras: "O que eu amo a respeito de minha irmã Mia", "O que eu amo a respeito de meu irmão Kris", "O que eu amo a respeito de minha irmã Lisa", "O que eu amo a respeito de meu irmão Erik". As crianças estavam com idades entre oito e dezesseis anos e tive que convencê-las de que bastava encontrar uma coisa só de que gostassem a respeito
uns dos outros. Enquanto escreviam cada uma no seu canto, fui para o meu quarto e embrulhei os poucos presentes que havia comprado.

Quando voltei para a cozinha, meus filhos haviam terminado suas cartas uns para os outros. Cada nome estava escrito do lado de fora do envelope. Trocamos abraços e beijos de boa-noite e eles foram para a cama. Lisa recebeu permissão especial para dormir na minha cama, prometendo não espiar até a manhã de Natal.

Então comecei. Nas primeiras horas da manhã de Natal terminei as cortinas, pintei as paredes e dei um passo atrás para admirar minha obra-prima. "Espere, por que não colocar um arco-íris e nuvens nas paredes para combinar com os lençóis?" Aí entraram em ação minhas esponjas e pincéis de maquiagem e, às 5 horas da manhã, eu havia terminado. Exausta demais para pensar que o meu era "um lar desfeito", como diziam as estatísticas, fui para o quarto e encontrei Lisa esparramada na minha cama. Decidi que não podia dormir com braços e pernas em cima de mim, então levantei-a delicadamente e levei-a, pé ante pé, até seu quarto. Enquanto colocava sua cabeça no travesseiro, ela disse:

- Mamãe, já é de manhã?
- Não, querida, fique de olhos fechados até o Papai Noel chegar.

Acordei naquela manhã com um alegre sussurro no meu ouvido.

- Uau, mamãe, é lindo!

Mais tarde, todos nós levantamos e sentamos em volta da árvore e abrimos os poucos presentes que eu havia comprado. Depois, as crianças receberam seus três envelopes.

Lemos as palavras com os olhos marejados e os narizes vermelhos. Até chegarmos aos bilhetes para o "bebê da família". Erik, com oito anos, não esperava ouvir nada de bom. Seu irmão havia escrito: O que eu gosto do meu irmão Erik é que ele não tem medo de nada." Mia havia escrito: "O que eu gosto do meu irmão Erik é que ele consegue falar com qualquer pessoa!" Lisa havia escrito: "O que eu gosto do meu irmão Erik é que ele pode subir em árvores mais alto do que qualquer um!"

Senti um leve puxão na manga da camisa, uma mãozinha fez uma concha em volta da minha orelha e Erik sussurrou:

- Puxa, mamãe, eu nem sabia que eles gostavam de mim!

Nos piores momentos, a criatividade e o engenho nos deram o melhor momento. Hoje estou recuperada financeiramente e já tivemos vários Natais "grandes", com muitos presentes embaixo da árvore. Mas quando nos perguntam qual é o nosso Natal favorito, todos nos lembramos daquele.

SHERYL NICHOLSON

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