08/05/2013

Histórias de Mães que Resistem

revista época
Na seção Mulheres pelo Mundo de hoje, a assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional no Brasil, Renata Neder, fala das histórias de sofrimento de mulheres cambodjanas.
“Minha casa, meus documentos, roupas, fotos, tudo que eu possuía… tudo desapareceu na fumaça. Não sobrou nada.” diz Hoy Mai.
Em 2008, o governo concedeu terras para três empresas afiliada para um grande empreendimento agroindustrial de produção de açúcar na província de Oddar Meanchey. O governou não consultou as famílias, que passaram a ser intimidadas e ameaçadas para deixar a área. Depois, 150 casas foram destruídas por pessoas supostamente ligadas às empresas. Mais tarde, outras 100 casas foram destruídas. As famílias ficaram em situação precária, deixadas sem um teto sequer para morar. Ho y Mai é uma delas.
“Eles vieram a noite para derrubar as casas. Eu implorei para eles não destruírem minha casa e para me deixarem trazer minhas coisas pra fora. Mas eles não concordaram. Tudo que eu consegui salvar foi a minha máquina de costura” diz Roth Sophal.
Em 2009, 440 famílias foram forçadamente removidas de suas cases na região de Dey Krahorm em Phnom Penh. Elas foram atacadas por centenas de policiais, que usou gás e balas de borracha. Roth Sophal estava entre elas.
“Quando eu tenho 1 ou 2 quilos de arroz, compartilho com os outros. Se alguma criança fica doente, eu ajudo a levar ao hospital. O que mais podemos fazer se estamos na mesma situação? Nós enfrentamos as dificuldades juntos” diz Ten Heap.
Em 2009, 175 famílias foram expulsas de suas terras na província de Siem Reap. Terras das quais dependiam para se alimentar e para seu sustento e que ocupavam desde os anos 80. A polícia militar, junto com as autoridades, se encarregou do despejo. Até hoje as famílias não tem acesso às suas terras. Ten Heap está nessa situação.
“No fim, ganhando ou perdendo, eu ainda me sentirei feliz por ter resistido junto com os outros. Eu vou lutar para viver na minha antiga terra, vou lutar até o último round” diz Tep Vanny.
Em 2007, uma empresa ganhou a concessão de uso sobre o Lago Boenug Kak. Um ano depois, 20 mil pessoas que moravam na região estavam ameaçadas de remoção. Muitas foram despejadas, outras ainda resistem. Tep Vanny está resistindo.
Essas são quatro histórias de remoção e resistência no Cambodja. Quatro mulheres cambodjanas que perderam sua casa, sua terra, tudo o que tinham, mas que lutaram e lutam por seus direitos.
Mas as remoções forçadas não são coisa do “outro lado do mundo”. Aqui no Brasil, infelizmente, milhares de famílias passam por situações semelhantes. Será que já esqueceram de Pinheirinho? Foi apenas há um ano atrás. E, assim como no Cambodja, em São José dos Campos as mulheres – mulheres como Mai, Shophal, Heap e Vanny – perderam tudo, mas ainda resistem. E ainda lutam por sua casa e seus direitos. São as “Mães de Pinheirinho”. Que mãe não quer uma casa e uma vida digna para sua família? Quem sabe com Dia Internacional da Mulher chegando aí as mulheres que resistem e lutam por moradia não são lembradas? Esse tipo de injustiça não pode passar desapercebida.

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